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A forma como o WhatsApp pretende compartilhar dados com outras redes sociais e a estratégia que utilizou para comunicar os usuários sobre sua nova política de privacidade viraram alvo de investigação pelo Ministério da Justiça, mais precisamente pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon).

Termos de uso do WhatsApp estão sendo questionados. Saiba o motivo

A forma como o WhatsApp pretende compartilhar dados com outras redes sociais e a estratégia que utilizou para comunicar os usuários sobre sua nova política de privacidade viraram alvo de investigação pelo Ministério da Justiça, mais precisamente pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). O aplicativo chegou a avisar que as pessoas que não concordassem com a atualização nos termos de uso não poderiam mais trocar mensagens pelo sistema mais popular do Brasil. O primeiro prazo para a aceitação vencia em fevereiro de 2021, mas, diante das reclamações e das dúvidas sobre a legalidade, foi adiado para 15 de maio, com a possibilidade de ser novamente protelado.

O aplicativo foi vendido em 2014 para o Facebook – que é dono também do Instagram e de outros negócios na área de tecnologia – e, a partir de 2016, as empresas do grupo passaram a compartilhar informações sobre os usuários. As mídias trocam dados como nome de grupos participantes, modelo de aparelho telefônico e ritmo de uso do aplicativo, considerados metadados. Tais informações, associadas a pistas deixadas pela navegação nas redes sociais, como curtidas e cliques, ajudam a direcionar informes patrocinados. Em tese, os conteúdos das conversas entre as pessoas não são acessados pelas empresas.

O WhatsApp se manifestou sobre o assunto, afirmando que está à disposição para prestar esclarecimentos e que a nova política de privacidade não altera o tipo e o volume de dados trocados entre as empresas desde 2016. A mudança nos termos de uso foi proposta por causa da oferta do serviço Business API, destinado a empresas, para atendimento a clientes. A funcionalidade é oferecida desde 2018, mas passará a operar integrada ao Facebook, que fornecerá a hospedagem e o gerenciamento.

Quando os usuários receberam a notificação sobre a nova política de privacidade surgiu a desconfiança sobre a confidencialidade das mensagens. Por causa da repercussão, o presidente global do WhatsApp, Will Cathcart, prorrogou o prazo de adesão, de fevereiro para maio. “Resolvemos adiar, vamos ter mais tempo para explicar melhor para as pessoas o que está mudando”, disse, em entrevista à Folha, em janeiro. Ele declarou que o Facebook não poderá ver as mensagens privadas e que os usuários de WhatsApp não receberão nenhum tipo de anúncio. Ainda segundo o executivo, as conversas nos canais das empresas que contratarem o serviço terão um selo, avisando que se trata de uma comunicação comercial.

LGPD

Também está em investigação pela Senacon se os termos de uso do WhatsApp cumprem a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Entre as entidades que questionam o aplicativo está o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), que alega que a política de privacidade a que os usuários aderiram em 2016 não está adequada à legislação que entrou em vigor em 2020. Entre as novidades trazidas pela LGPD está o consentimento pelo usuário e a justificativa da finalidade para a captura dos dados. Segundo o Idec, o WhatsApp não apresentou a motivação que fundamenta o recolhimento das informações.

Além disso, os novos termos de uso não permitem a chamada privacidade granular, em que o usuário escolhe quais dados está disposto a ceder e quais não quer que a empresa tenha. Assim, só estariam disponíveis as opções concorda com tudo ou não concorda com nada, estando sujeito a deixar de usar o WhatsApp. Para o Idec, em documento enviado à Senacon, o aplicativo está forçando o consentimento, sob pena de excluir os brasileiros de um aplicativo que é recorrente nas relações pessoais e de trabalho. Na Europa, o Facebook chegou a ser multado, com o argumento de ter forçado os usuários a aceitarem os termos. No Brasil, o caso é apurado em sigilo, ainda sem data prevista para uma resposta oficial sobre a regularidade da situação.

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