T&C ou os Termos e Condições que ninguém lê
A resposta é sempre a mesma: “não”. Como o vídeo mostrou, a maioria absoluta dos usuários de serviços (online ou offline) não lê os Termos e Condições de Uso e as Políticas de Privacidade. Há palavras demais e objetividade de menos. As letras minúsculas se perdem em longos e numerosos parágrafos que só advogados entendem. Sites de pagamento online, por exemplo, chegam a ter mais de 80 mil caracteres nos T&C, o equivalente a 40 páginas impressas. Políticas de Privacidade chegam a ter 10 páginas.
Ao mesmo tempo, as empresas precisam estabelecer regras com seus usuários. Se você se incomoda com aquelas propagandas que parecem adivinhar o que pensa, por exemplo, a opção de desativá-las está descrita nos Termos e na Política de Privacidade. Há vários outros exemplos.
Mas como melhorar a clareza das regras? Como evitar que o usuário desista de ler seus direitos por falta de tempo ou cansaço? O Design pode explicar.
Legal Design
Ainda pouco utilizada no Brasil, o Legal Design é um conceito inspirado no Design Thinking – uma abordagem muito utilizada em empresas de inovação para solução de problemas. Tudo começa com um exercício de empatia – ou seja, de se colocar no lugar do outro – para entender qual é a necessidade do cliente. A partir daí, são feitos brainstorms e testes para encontrar a solução. O Legal Design é exatamente isso: um exercício baseado em empatia para que o advogado enxergue o mundo pela lente do seu cliente.
No caso de Termos e Condições e Políticas de Privacidade, basta se colocar um pouquinho no lugar do usuário para perceber que ele não está entendendo nada. 🙂 Para solucionar isso, surgiu a ideia tornar os textos das leis cada vez mais visuais, utilizando infográficos, imagens, ícones, fluxogramas e às vezes até histórias em quadrinhos ou vídeos. Essa técnica é chamada de Visual Law.
E realmente funciona. Veja o exemplo abaixo, dos Termos e Condições de Uso da fintech Koin:
Como decifrar?
Enquanto a maioria dos Termos e Condições é escrita com textos enormes e difíceis de entender, há uma ferramenta interessante na web que nos ajuda a decifrá-los. A página Terms of Service Didn’t Read foi criada em 2012 por um advogado e um engenheiro para ajudar usuários a entender os T&Cs de diversos sites. Funciona assim: uma comunidade de revisores (a maioria, advogados) analisa os termos e condições de sites como Google, Amazon, Twitter, entre outros, e dá notas que vão de Class A (Very good – muito bom) a Class E (Very bad – muito ruim).
A home do TOSDR já dá um resumo que justifica a nota final. No caso do Google, por exemplo, a nota C se deve aos seguintes pontos:
• O serviço pode coletar, usar e compartilhar dados de localização;
• O serviço pode ler mensagens privadas;
• O usuário deve concordar em defender, garantir e considerá-lo inofensivo em caso de reclamação relacionada ao uso;
• O serviço monitora a navegação em outros sites;
• A licença de copyright é limitada para operar e melhorar os serviços do Google