Round 6 e o vazamento de dados pessoais
A série mais assistida da história da Netflix expõe número de telefone verdadeiro e evidencia a fragilidade das informações pessoais no tempo digital
A produção sul-coreana Round 6 estreou em setembro na Netflix e já se tornou a série mais assistida da história do streaming. O enredo é sobre jogos que, na verdade, são mortais para os seus participantes, pessoas em geral endividadas que disputam o prêmio em dinheiro.
A trama faz uma crítica ao sistema capitalista e joga luz sobre uma série de temas sociais, um deles é a exposição de dados. Os participantes são escolhidos a partir de informações coletadas ilegalmente sobre sua condição financeira.
Com esses dados, a figura de um controlador atrai as pessoas para o jogo e utiliza as informações pessoais dos participantes para coagi-los em caso de desistência após o conhecimento das regras e das consequências.
Este é o caso de um dos protagonistas que, endividado e com questões relacionadas à família e saúde, necessita de dinheiro para pagar pela cirurgia de sua mãe.
Dados pessoais expostos pela Netflix
Além de retratar o vazamento de dados, a Netflix agora vivencia o problema. Em Round 6, o telefone verdadeiro de uma sul-coreana aparece sem autorização no primeiro episódio da série, na cena em que um cartão é entregue a potenciais jogadores.
Segundo a vítima, que possui o número há dez anos e o utiliza para o trabalho, ela tem recebido milhares de ligações e trotes pedindo para participar dos jogos. Os produtores locais e a Netflix afirmaram que está em andamento a edição de cenas como números de telefone.
Tanto a situação retratada na série quanto o seu desdobramento na vida real reflete o problema da falta de proteção aos dados. No começo do ano, mais de 200 milhões de brasileiros tiveram informações como CPF, endereço e salário expostas por cibercriminosos.
O vazamento disparou as tentativas de golpes, aponta pesquisa do e-commerce OLX em parceria com a plataforma de gerenciamento de identidade digital AllowMe. O levantamento apurou que, de janeiro a março deste ano, aumentaram em 93% as denúncias de tentativa de roubo a contas eletrônicas.